Identificação e Indenização
AVANÇAR COM OS PAGAMENTOS
“Meu sonho mesmo é que eles me mandassem o cartão emergencial. Você não sabe a dificuldade que estamos vivendo, queria poder fazer uma compra maravilhosa para minhas duas filhas”, desabafa Edilene Nunes de Jesus, impactada que vivia da pesca e da agricultura familiar no Córrego do Café, na zona rural de Belo Oriente. Agora que foi cadastrada, Edilene tem chance de ter sua situação analisada e receber o Auxílio Financeiro Emergencial para os que tiveram sua atividade produtiva comprometida com o rompimento da barragem. Esse recurso já chegou a 8.159 famílias até março de 2017. Quem foi impactado recebe um cartão para sacar mensalmente o dinheiro ou pagar compras.
Edilene Nunes de Jesus por Alexandre Battibugli
Indenizar as perdas e os danos causados aos impactados é uma tarefa central para a Fundação Renova. O atendimento para as indenizações específicas de cada família na região mais impactada pelo rompimento também já começou em Barra Longa e Linhares (confira nossos postos de atendimento na página 9). São casos de comerciantes e produtores rurais que recebem um valor de reparação conforme uma matriz feita por instituições técnicas apontadas pela própria população, Câmara Técnica e Defensoria Pública. Esses são os acordos que estão diretamente ligados ao processo de cadastramento. Calcula-se que cerca de 15 mil famílias fazem parte desse universo.
Outra grande frente de ressarcimento que estamos implementando é sobre os danos causados pelo desabastecimento de água nos dias seguintes à passagem da lama pelo Rio Doce. Desde outubro, moradores de Governador Valadares, em Minas Gerais, e Colatina, no Espírito Santo, passaram a fechar acordos de indenização.
Até o dia 11 de março, 51 mil pessoas foram atendidas em Governador Valadares (MG) e 15 mil já receberam o cartão para sacar a indenização. Em Colatina, 28 mil pessoas também foram atendidas, com 8 mil já habilitadas para sacar a quantia, que foi estipulada em cerca de 1 mil reais por pessoa – menores, idosos, gestantes e portadores de necessidades especiais têm um adicional de 10%. Estima-se que cerca de 400 mil pessoas terão acesso à indenização até julho de 2017.
CONHECER O IMPACTO EM CADA INDIVÍDUO
Cadastrar todas as pessoas e famílias impactadas é um passo decisivo para encaminhar uma solução definitiva para todos os atingidos. Esse processo deveria ter sido concluído em 2016, está atrasado na região mais atingida, os municípios de Mariana e Barra Longa, e é um grande desafio de busca de entendimento. Inicialmente, ainda antes da Renova existir, foi realizado um mutirão para se fazer um cadastramento muito simples dos atingidos.
O objetivo do recadastramento é ter uma medição mais precisa do impacto na vida e no patrimônio de cada família. Isso será um componente fundamental para a estimativa dos ressarcimentos e indenizações. Há um impasse conceitual sobre a forma do cadastro. O Ministério Público entende que deveria refletir os bens imateriais. Acreditamos que essa avaliação deve ser feita na etapa seguinte, de definição dos acordos.
Enquanto não se chega a um consenso com o Ministério Público em Mariana, o que abrange cerca de mil famílias, estamos avançando na grande extensão do território do rio Doce.