O que nos move?
O agora. O futuro. Juntos.
Árvore atingida pela lama no Distrito de Paracatu, em Mariana (Arquivo Fundação Renova)
Definitivamente, é uma tarefa complexa, com muitas ações que se completam. Nosso foco está mudando das atividades emergenciais, como a moradia provisória aos desabrigados, para a execução das soluções definitivas, que aliam reassentamento, saúde, educação e cultura. Também trabalhamos para recuperar os rios e as áreas rurais, retomando as atividades de sustento das pessoas, combinando o trabalho de cada um com a conservação do meio ambiente.
Estamos lidando com impactos únicos e complexos. Temos consciência para assumir que estamos atuando na fronteira do conhecimento, ou seja, com temas que são desafiadores para a própria ciência. Sabemos que não temos respostas prontas para muitos dos desafios que temos de resolver. Essas soluções têm de ser criadas em conjunto com as pessoas envolvidas e com a ajuda de especialistas, que já temos mobilizado. O engajamento e a participação de todos são as ferramentas para a construção de um futuro melhor para toda a região afetada. Por isso, convidamos a participar dessa jornada todos aqueles que se identificam, como nós, com a grande oportunidade que temos em nossas mãos.
Bem-vindo ao primeiro Relato de Atividades da Fundação Renova.
O dia 5 de novembro de 2015 mudou a vida de muita gente em Minas Gerais e no Espírito Santo. Seu Zezim ouviu a gritaria e saiu de casa com sua esposa, Dona Maria, apenas com a roupa do corpo, minutos antes da lama da barragem de Fundão tomar conta e levar a parte baixa do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Mais adiante, no curso do Rio Gualaxo do Norte, Marcinho soube da notícia pelo primo e tocou o gado para uma área mais alta. Lá ficou até escutar, já noite alta, a barulheira da destruição da vila de Paracatu, perto de onde morava. De madrugada, o comerciante Rômulo ouviu o som que parecia “um urso numa caverna” e viu ondas de lama chegarem a Barra Longa pelo Rio do Carmo. Dias depois, a produtora rural Edilene, na região de Ipatinga, já no vale do Rio Doce, desesperou-se ao ver que não teria água para irrigar a sua roça. Mesmo sentimento de Simião, pescador de Povoação, perto de Linhares, no Espírito Santo, quando percebeu que ficaria por algum tempo sem tirar peixes e sustento do rio.
São milhares de pessoas impactadas por esse trágico acontecimento. E nós, da Fundação Renova, temos contato diário com essas famílias e comunidades. Procuramos alcançar a extensão das suas dores. Há um desejo que une todos os atingidos: retomar a vida e o trabalho da forma mais próxima possível daquela de antes do rompimento da barragem. Nós entendemos que essa é também uma oportunidade para tornar a região um exemplo de recuperação e de um modo de vida sustentável. Deixar esse legado é o nosso sonho. É o que nos move.