Encontro com Pavan Sukhdev
Como superar o desafio de construir soluções para as regiões e comunidades impactadas?
Sobre o evento
No dia 28 de novembro de 2016, a Fundação Renova, em parceria com a Fundação Dom Cabral, reuniu representantes das comunidades e de instituições da sociedade civil para discutir coletivamente as soluções para as regiões impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão. O evento contou com a participação especial de Pavan Sukhdev, especialista indiano em desenvolvimento sustentável e economia verde.
O encontro foi transmitido ao vivo, pelo site da Fundação Renova, e você pode acessar os conteúdos da discussão nesta página (incluindo os principais pontos apresentados pelos palestrantes, imagens, vídeos e pesquisas citadas).
Participantes
Reabilitação
Durante a apresentação, Pavan abordou a importância do diálogo para superar o desafio complexo de seguir com o reparo, a restauração e a reconstrução das comunidades e regiões impactadas.
A reabilitação, para ele, quer dizer a construção de uma vida nova, que possui elementos da vida antiga e novos elementos de esperança. Mas, para caminhar nessa direção, há sempre o desafio de compreender tudo que pode ser feito. Essa compreensão não pode existir sem colaboração, consulta e cooperação.
“Como nós podemos mobilizar essa consulta, como engajar os diferentes stakeholders e as partes interessadas, as diferentes fronteiras da sociedade, as companhias envolvidas, a própria Fundação como um agente de mudança? Como nós podemos envolver todos esses agentes e como nós podemos nos unir e se certificar de que todos estão falando a mesma língua?”, questiona Pavan.
A participação das comunidades nesse processo de construção coletiva é fundamental. Para Pavan, não existe uma solução única para o problema e, por isso, é preciso ter criatividade e fomentar o diálogo. “O trabalho de recuperação das áreas afetadas é, por si só, uma reafirmação da resiliência humana e da criatividade na construção de soluções eficientes em situações tão desafiadoras. Em respeito aos que faleceram e aos que foram impactados pelo desastre é que devemos aprender com as comunidades afetadas, por meio do diálogo contínuo, para encontrarmos as melhores estratégias”, afirmou Pavan Sukhdev.
Buscar Exemplos
O rompimento da barragem de Fundão foi um evento inédito no Brasil, mas, de acordo com Pavan Sukhdev, é possível se inspirar em acidentes com consequências ambientais e sociais semelhantes.
Como exemplo, o especialista apresentou algumas das ações aplicadas durante o processo de reconstrução da cidade de Minami Sanriku, no Japão, uma das mais devastadas pelo terremoto e tsunami ocorrido em 11 de março de 2011.
Segundo ele, os governos locais utilizaram as sugestões e elementos trazidos pelo grupo de consultores e elaboraram o seu próprio projeto de reconstrução. Concentraram-se nas plantas de geração de energia (biogás, carvão vegetal da área florestal da região, energia das marés etc) e criaram um sistema de certificação para que todos os produtos fossem ambientalmente e legalmente corretos.
Pavan reforçou, a partir do exemplo do Japão nos momentos pós-desastre, como um plano pode ser criado, envolvendo diversos atores e muitas soluções, para que se consiga sair de uma crise em uma velocidade razoavelmente boa.
O Secretário do Comitê Diretor do Tsunami Global Lessons Learned Project (TGLLP), Satya Tripathi, também participou das discussões, por meio de uma ligação por vídeo. Satya compartilhou a experiência de ter participado da reconstrução de um ambiente altamente devastado, logo após o tsunami que varreu boa parte dos países no Oceano Índico em 2004, resultando em 500 mil pessoas feridas e 230 mil que perderam suas vidas.
O especialista comparou as consequência dos dois desastre – barragem de Fundão e Tsunami – e reforçou a importância da participação das comunidades na busca por soluções.
Olhar para o futuro
Durante o evento, o diretor-presidente da Fundação Renova, Roberto Waack, falou sobre a necessidade de se olhar para o futuro. “A gente sabe que está só começando esse processo e que tem que endereçar não só as questões relacionadas à reparação dos danos, mas principalmente a todo esse universo da reconstituição e da restauração do uso da terra, do uso da água, da forma como a gente lida com esses recursos naturais, humanos e econômicos da região.”
A Fundação e todos os demais atores do processo estão num caminho de descoberta permanente de fronteiras. Todos os dias surgem informações novas, sobre compostos químicos, sobre a biodiversidade da região, sobre as dinâmicas do Vale, tanto do rio quanto das comunidades ribeirinhas.
Diante dessa complexidade, Waack discute o fato de não ser possível encontrar respostas simples e da inevitável convivência com a incerteza, com o erro e com a ambiguidade. O caminho mais promissor para lidar com essas situações é o diálogo. “Diálogo é isso: ouvir, informar, redesenhar”, afirma Waack.
Marcus Rocha
Bom dia.
Tudo bem!!!
Por gentileza, há link para a gravação desta palestra?
Assisti, a época e gostaria de revisitar.
Obrigado.
Att,
Marcus Rocha