Ao todo, 115 pontos ao longo rio, afluentes, foz e água marinha são analisados
Os resultados de monitoramento da qualidade da água do rio Doce já apresentam melhoras. Atualmente, 115 pontos são monitorados manualmente pela equipe da Fundação Renova, em parceria com órgão ambientais. Em 77 pontos, o parâmetro turbidez é monitorado diariamente.
O objetivo principal do trabalho é desenvolver e implantar o Programa de Monitoramento Quali-Quantitativo Sistemático (PMQQS) da Bacia do Rio Doce, Áreas Estuarina, Costeira e Marinha Impactadas, para análise da água e dos sedimentos, de caráter permanente, abrangendo também a avaliação de riscos toxicológicos e ecotoxicológicos, de acordo com requisitos estabelecidos pela Câmara Técnica de Segurança Hídrica e Qualidade de Água.
Alguns avanços na qualidade da água já foram percebidos pelo trabalho de monitoramento. No mês de fevereiro de 2017, por exemplo, o ponto de monitoramento de Ribeirão do Carmo, em Barra Longa (MG), próximo à confluência com o Rio Piranga, atingiu turbidez abaixo de 100 NTU, valor definido pela Resolução 357/2005 para Água Doce, Classe 2, estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O índice é reflexo dos trabalhos de contenção de rejeitos e de recuperação ambiental executados pela Renova, além de ser um indicativo de que cada vez menos sedimentos estão chegando aos reservatórios da região.
Todas as análises são realizadas com base nos parâmetros de conformidade indicados pela Resolução do Conama, como turbidez, sólidos em suspensão totais, alumínio, ferro e manganês dissolvidos e totais, considerados como parâmetros de relevância, ou seja, aqueles previamente identificados como influenciados pelo rompimento da barragem de Fundão. Os resultados são enviados e analisados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema).
De acordo com o Relatório de Monitoramento do Rio Doce de fevereiro de 2017, as concentrações de alumínio, ferro, manganês, turbidez, cor verdadeira e outros parâmetros mais fortemente influenciados pelo rompimento foram significativamente mais elevados no período de 6 de novembro a 31 de dezembro de 2015, período próximo ao rompimento da barragem e coincidente com período chuvoso, do que em períodos posteriores e em áreas mais próximas à barragem do que naquelas mais distantes.
Os resultados da qualidade da água do rio Doce realizado pela Fundação Renova têm demonstrado padrões de qualidade de água consistentes com os monitoramentos realizados pelo Instituto de Gestão das Águas de Minas Gerais (Igam) e pelo Iema.
COMO FUNCIONA
De acordo com Brígida Maioli, engenheira ambiental e especialista do programa de monitoramento da Fundação Renova, os pontos de coleta que exigem maior atenção são aqueles localizados entre a mina e a barragem de Candonga (MG), regiões mais impactadas pelo rejeito, e também nos municípios onde há captação de água do rio Doce e afluentes.
O monitoramento da qualidade da água ocorre da seguinte maneira:
- Definição dos pontos de monitoramento
- Coleta nos pontos pré-determinados
- Análise laboratorial de água quinzenal ou diária, no caso de 77 pontos
- Emissão de laudos laboratoriais
- Consolidação e análise dos resultados das análises por consultoria especializada
- Envio dos resultados e análise consolidada para os órgãos ambientais
Além do monitoramento realizado pela Fundação Renova, os órgãos ambientais também realizam monitoramentos independentes ao longo do Rio Doce. Os moradores das regiões impactadas e as demais pessoas que desejarem acompanhar a qualidade da água do rio Doce podem conferir os resultados do Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais do Rio Doce no Estado de Minas Gerais, realizado pelo Igam e Iema. A Fundação Renova contribui com a publicação, ao ceder ao órgão informações sobre os resultados de seus pontos de monitoramento.
DESAFIOS E EXPECTATIVAS
Apesar dos avanços, ainda há muito o que ser feito pelo Programa de Monitoramento do Rio Doce. A partir de agora, as ações passarão por uma transição do monitoramento emergencial, aquele feito a partir de notificações dos órgãos ambientais, para a implementação do Plano de Monitoramento Quanti-Qualitativo Permanente.
O Plano foi entregue ao Comitê Interfederativo (CIF) e deve ser implementado até 31 de julho de 2017. O documento está previsto no Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), que define todas as etapas necessárias para análises laboratoriais e cria uma rede automática de monitoramento dos parâmetros de campo.
Essa estratégia é importante, porque os equipamentos vão gerar dados sobre a ocorrência de chuvas, temperatura do ar e nível do rio. Além disso, haverá transmissão on-line dos resultados para formar uma rede de informação e alerta para os Centros de Comando e empresas de abastecimento de água.
Oito dessas estações serão equipadas com uma sonda que verifica, de hora em hora, parâmetros múltiplos, como turbidez, acidez (PH), condutividade e temperatura da água, bem como a existência de microrganismos. Essas informações vão subsidiar o planejamento operacional das estações de tratamento de água.
A implementação das redes automáticas de monitoramento já começou. No dia 8 de março, foram concluídas as bases civis da primeira estação, que funcionará a montante da Usina de Candonga.
PERÍODO CHUVOSO
A Fundação Renova elaborou um plano de ações para o período chuvoso, que contém medidas preventivas e contingenciais para minimizar impactos à sociedade, ao meio ambiente e à atividade econômica nas localidades impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão.
Uma das principais ações foi a implantação de alertas de cheias, com o objetivo de facilitar a tomada de decisões em casos de elevação nos níveis dos rios. O sistema já está em funcionamento na bacia do Rio do Carmo, na região de Mariana e Barra Longa (MG).
O sistema é composto por três etapas: coleta de dados (equipamentos automáticos, monitoramento em tempo real das chuvas, vazão e níveis), processamento dos dados (análise e consistência das informações, cálculos e modelagens hidráulicas e previsão de vazões) e transmissão de dados (comunicação aos responsáveis).
Adicionalmente, durante o período chuvoso, também são realizadas análises semanais de potabilidade da água tratada nas 13 Estações de Tratamento de Água (ETA) que realizam captação no Rio Doce e disponibilizam para a população como, por exemplo, nos municípios de Governador Valadares (MG) e Colatina (ES).
As análises são feitas com base nos parâmetros de conformidade indicados pela Portaria de Potabilidade 2914/11 do Ministério da Saúde, como turbidez e metais bem como ausência de microrganismos. Os resultados são validados por meio de parecer de um especialista em recursos hídricos e a água tratada tem se mostrado adequada ao consumo pela população abastecida. As análises de potabilidade também são realizadas pelos responsáveis pelos Sistemas de Abastecimento de Água destes municípios.