A prática favorece a regeneração das áreas impactadas pelo rejeito e influencia em todo o bioma, na qualidade da fauna, da flora e da água
As Áreas de Preservação Permanente (APPs) têm funções importantes para a conservação do meio ambiente e podem impactar diretamente na nossa qualidade de vida. Elas ajudam a proteger os rios e a controlar a poluição dos cursos d’água. Além disso, ajudam a evitar enxurradas, inundações e enchentes, por exemplo.
De acordo com a Lei 12.651/12, todos os imóveis rurais do país são obrigados a fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O Cadastro é um registro eletrônico que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação das APPs das áreas de Reserva Legal, compondo assim uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. Ao fazer o CAR e regularizar sua propriedade, o produtor rural se compromete a preservar ou recuperar a vegetação na APP presente no espaço.
Nos casos de produtores rurais de Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão que aderiram ao Plano de Adequação Socioeconômica e Ambiental (Pasea), a Fundação Renova apoia a regularização das propriedades, incluindo a restauração florestal nas APPs. A fiscalização fica a cargo dos órgãos competentes. Por isso, as pessoas com propriedades que estão em APPs são diretamente responsáveis pelos cuidados com essas áreas.
O plantio de mudas e o cercamento das APPs, entre outras ações, formam a etapa inicial do processo de restauração florestal. Hoje, esse trabalho está passando por um momento em que a cooperação dos produtores rurais é fundamental para que as mudas possam se desenvolver da forma esperada. Por isso, o gado e outros animais não devem entrar ou permanecer nos locais cercados. Bovinos e equinos podem pisar, quebrar e comer as mudas, fazendo com que esse conjunto de ações volte ao estágio inicial.
Entenda os impactos
Para se ter ideia, para que seja recuperada uma área de 1 hectare, que equivale a cerca de um campo de futebol, aproximadamente 1.112 mudas são plantadas durante a época de chuvas, que é a mais propícia para o seu desenvolvimento. Apenas no próximo período chuvoso, um ano depois, é possível avaliar a evolução para definir as próximas ações: enriquecer o local com novas espécies ou plantar novamente as mudas iniciais. O esperado é que cerca de 10% a 20% das mudas não se desenvolvam.
Quando há presença do gado na APP, essa taxa ultrapassa 50%, podendo chegar a 100%. Isso equivale a uma perda acima de 500 mudas a cada hectare. Para que elas sejam replantadas, é preciso esperar o próximo período chuvoso, o que leva mais um ano.