Por meio de estratégias de educação, comunicação e construção coletiva do conhecimento, a iniciativa busca envolver diferentes públicos, incluindo estudantes e comunidades locais, na coleta de dados científicos.
Estudar, questionar, investir, discutir, compartilhar e concluir: esse é o roteiro básico do método científico aplicado pelo Ciência Cidadã na Bacia do Rio Doce, uma iniciativa oriunda da cooperação entre Fundação Renova, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e outras cinco instituições da Bacia do Rio Doce.
O programa fomenta o conhecimento científico entre membros das comunidades locais e jovens dos ensinos fundamental, médio, técnico e superior – abrangendo a universitários e pós-graduandos. Ao aproximar a população dos conceitos das ciências ambientais e incentivar a participação ativa no monitoramento da água e da biodiversidade, o Ciência Cidadã permite que as comunidades se tornem protagonistas na busca por soluções e na proteção dos recursos naturais.
As ações promovidas pelo programa seguem duas premissas-base: a educação e a comunicação. Por meio delas, os participantes são envolvidos em atividades de monitoramento coparticipativo tanto da água, como da biodiversidade terrestre e aquática de suas regiões. As atividades teóricas e práticas dos projetos funcionam como em curso de formação, com aulas de forma remota, online, com materiais didáticos exclusivos e até mesmo provas, aliando conhecimento prático, do cotidiano, com fundamentos científicos de disciplinas como geografia, biologia e química.
As frentes do Ciência Cidadã na Bacia do Rio Doce
No âmbito educacional, há cinco projetos distintos, conforme o perfil acadêmico e idade dos participantes:
- Agente Ambiental Mirim: destinado às crianças do ensino fundamental em escolas do entorno do Parque Estadual de Sete Salões (IEF), na região do médio Rio Doce.
- Jovem Cientista: tem como público-alvo os adolescentes do ensino médio de Linhares (ES), das escolas Bartouvino Costa e Nossa Senhora da Conceição.
- Cidadão Cientista para os estudantes do ensino técnico: atende aos alunos do Curso Técnico em Meio Ambiente, em Colatina (ES)
- Cidadão Cientista para alunos da graduação e pós-graduação: alunos da Universidade Vale do Rio Doce (Univale) de Governador Valadares (MG).
- Monitoramento Hídrico Participativo: focado nos moradores das comunidades de Cava Grande, Baguari, Pedra Corrida e Tabaúna, em Minas Gerais; e de Regência, no Espírito Santo
O programa completou dois anos e meio de atuação e, ao longo desse tempo, atingiu números importantes, como:
- 488 alunos de ensino fundamental na área de abrangência do PESS nos municípios de Conselheiro Pena, Itueta, Santa Rita do Ituêto e Resplendor, em Minas Gerais
- 116 professores contemplados pelo Curso “Educação Ambiental e Ciência Cidadã na Bacia do Rio Doce” em Conselheiro Pena, Itueta, Santa Rita do Ituêto e Resplendor em Minas Gerais
- 417 estudantes do ensino médio no município de Linhares/ES;
- 32 estudantes do curso técnico de Meio Ambiente do IFES-Colatina;
- 20 acadêmicos da Univale – sendo três graduandos contemplados como bolsistas diretos do projeto
- 75 vagas do projeto de Monitoramento Hídrico Participativo para as comunidades
- 33 vagas para o segundo ciclo de Monitoramento Hídrico Participativo para membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce)
Outros marcos significativos foram a pulverização do conhecimento vindo das comunidades educacionais a civis. Entre os resultados coletados pelos projetos foram desenvolvidas algumas publicações, com informações essenciais sobre a biodiversidade nas regiões das ações. Além disso, os participantes divulgaram seus conhecimentos no site iNaturalist, destinado ao campo científico sobre a biodiversidade local.
O Projeto Monitoramento Hídrico Participativo apresentou um resultado excepcional em seu segundo ano de atuação: os alunos que se destacaram no ano anterior viraram monitores. Trazendo um engajamento maior para a nova turma do projeto, com a formação desses alunos e com a parceria com o CBH-Doce, a tendência é que a ação siga independentemente da existência da Fundação Renova e da cooperação com a Unesco, tornando-se um projeto cíclico e aberto para toda a comunidade.
A longo prazo, a iniciativa Ciência Cidadã na Bacia do Rio Doce visa, além da recuperação do ecossistema, à formação de cidadãos conscientes e engajados na conservação ambiental e na construção de um futuro mais sustentável.