Os produtores rurais fazem parte do projeto Renovando Paisagens, que auxilia na readequação produtiva das propriedades atingidas
Os produtores rurais Alisson Patrício e Marina Ritter Waskow, donos de uma das fazendas-modelo que recebem ações de reparação da Fundação Renova, intensificaram a venda de hortaliças, legumes e frutas orgânicos pela internet. Com o perfil do projeto Que Planta no Instagram ou pelo WhatsApp, o casal de Barretos, distrito de Barra Longa, tem conseguido amenizar o impacto causado pelo isolamento social imposto pelo coronavírus e garantido que os produtos cheguem até a mesa dos clientes.
No Instagram também é possível conhecer a experiência do dia a dia na propriedade, desde o plantio de hortaliças e legumes orgânicas até a colheita. Todos os cultivos são feitos em ambientes 100% livres de agrotóxico, juntos a espécies nativas e frutíferas.
“Conseguimos manter a produção mesmo com a suspensão das feiras em Mariana e Barra Longa, que eram os principais pontos de venda. Agora, o cliente tem a opção de buscar os produtos na propriedade, que fica em Barra Longa, ou em Santa Bárbara, na nossa casa. Também fazemos entregas nessas regiões, sob encomenda”, explica Alisson.
Na propriedade do casal há uma unidade demonstrativa de Sistema Agroflorestal (SAF) e uma de Silvicultura de espécies nativas com fins econômicos, que permitem que os produtores rurais diversifiquem a produção e aumentem a renda. Quem opta por ir até lá, tem a oportunidade de conhecer melhor o método que concilia tecnologias e diversidade florestal com o aumento da produção agrícola e garantia da segurança alimentar. O cliente pode escolher a cenoura, rúcula, vários tipos de alface, almeirão, mostarda, entre outros, direto da terra e ainda praticar a colheita, tudo com a devida proteção e higienização. A área abriga espécies frutíferas, como jabuticaba, jaca, graviola, pitanga, tâmara, mamei, todas ainda em crescimento, e árvores nativas para a prática de silvicultura de espécies.
Segundo Marina, o plantio, que antes era voltado para subsistência, começou a ganhar fôlego comercial com as técnicas adquiridas nas ações de reparação conduzidas pela Fundação.
“Já praticávamos a técnica antes do desastre. Mas ganhamos conhecimento suficiente para produzir em uma escala maior e comercializar os legumes e hortaliças para a região”, explica a produtora.
Os produtores rurais, que sofreram os impactos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), fazem parte do projeto Renovando Paisagens, uma parceria entre a Fundação Renova, WRI Brasil, Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (na sigla em inglês, Icraf) e Fazenda Ecológica. O projeto auxilia na readequação produtiva das propriedades atingidas localizadas entre Fundão e o município de rio Doce a partir da implantação de 25 Unidades Demonstrativas (UDs), que servem de modelo para outros produtores.
Além disso, Alisson e Marina também são viveiristas. Eles vão fornecer mudas nativas para o reflorestamento da bacia do rio Doce a partir do programa Ater Familiares, também da Fundação Renova. O projeto fomenta a produção de mudas de espécies nativas em propriedades atingidas a partir da difusão de tecnologia pioneira desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Conheça as tecnologias aplicadas nas Unidades Demonstrativas
- Manejo de Pastagem Ecológica (Sistema Voisin Silvipastoril): Técnica adaptada pelo professor Jurandir Melado (Fazenda Ecológica), a partir do Pastoreio Racional Voisin, que possibilita o equilíbrio entre solo-pasto-gado, aliada à introdução de árvores para conforto térmico dos animais, favorecendo a sustentabilidade e a produtividade do sistema.
- Sistemas Agroflorestais: Consórcio entre produção agrícola e plantio de árvores, permitindo que o produtor diversifique sua produção, gere renda com produtos florestais madeireiros ou não-madeireiros sem renunciar à sua produção agrícola tradicional, com melhoria dos serviços ecossistêmicos.
- Silvicultura de Espécies Nativas: Plantio de árvores de espécies nativas da região para a produção de madeira e produtos florestais não-madeireiros com fins ecológicos e econômicos.