Um levantamento realizado em 40 Unidades de Conservação (UC) localizadas em Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia está identificando possíveis impactos derivados do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, UCs são áreas que devem ser preservadas devido às suas características naturais relevantes.
Nos dias 6 e 7 de fevereiro, Governador Valadares (MG) recebeu a primeira oficina para avaliar os resultados preliminares do estudo de seis Unidades de Conservação. Participaram do evento gestores de UCs, representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e das secretarias de meio ambiente dos municípios envolvidos, entre outros. Todo trabalho está sendo conduzido pelo Instituto Ekos em parceria com a Fundação Renova.
O diagnóstico contempla a avaliação dos meios físico, biótico e socioeconômico de cada região no entorno das UCs. O intuito foi mensurar diferentes impactos que o rompimento da barragem pode ter causado no meio ambiente, no modo de vida das comunidades e na economia dos municípios.
“Levamos em consideração diversos aspectos, como as características geológicas das regiões, a fauna e a flora, o clima, a qualidade da água dos rios, os indicadores econômicos dos municípios, a presença de comunidades tradicionais, entre outros”, explicou Camila Dinat, engenheira agrônoma do Instituto Ekos, que coordena a pesquisa.
O diagnóstico apresentado foi baseado em artigos, pesquisas, livros e outros documentos secundários. Além de expor o que foi pesquisado, o objetivo das oficinas é colher as percepções da população e de instituições locais acerca dos possíveis impactos do rompimento da barragem nas seis UCs que estão sendo avaliadas.
Juliana Oliveira Lima, analista da Fundação Renova que acompanha o estudo, explicou que as 40 Unidades de Conservação foram divididas em “pacotes”. “As seis UCs que avaliamos nas oficinas fazem parte de um único pacote.
Existem outros que estão em fase de estudo para, posteriormente, serem esclarecidos em oficinas”, explicou.
Após as oficinas, visitas em campo serão realizadas para dar continuidade à avaliação dos impactos. “Faremos expedições para conversar com mais pessoas e ver, de perto, como as unidades podem ter sido atingidas. O objetivo final é construir um documento com os impactos detectados e as medidas reparatórias e compensatórias que a Fundação Renova deverá adotar para conservar essas áreas. Tudo isso está sendo feito pela equipe do Ekos, de forma independente”, disse.
Participação ativa da comunidade
Além de estudos científicos, fatos históricos e percepções das instituições ambientais, a participação da comunidade é de extrema importância para um diagnóstico bem-sucedido. Lelis Barreiro, presidente da Associação de Pescadores de Conselheiro Pena (Aspec), esteve presente nas oficinas e ressaltou a necessidade do envolvimento da população atingida.
“Eu vim para me informar do projeto e saber como as duas unidades de conservação da minha região estão sendo avaliadas. Penso que se esse estudo é para ajudar os municípios, é importante consultar a população”, afirmou.
Programa 39
O diagnóstico faz parte do programa 39 (Unidades de Conservação) da Fundação Renova, que atende à cláusula 181 do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC). O intuito do programa é identificar os impactos nas Unidades de Conservação potencialmente afetadas pelo rompimento de Fundão e implementar ações de reparação.