No painel “Conectando Água e Clima”, realizado na tarde desta segunda (19) dentro da programação do 8º Fórum Mundial da Água, que ocorre em Brasília até 23 de março e tem participação ativa da Fundação Renova, foi discutida a Contribuição Nacionalmente Determinada (National Determined Contribution – NDC). Trata-se de um compromisso adotado por cada país no Acordo de Paris, o tratado das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC – sigla em inglês), para investimento em ações com o objetivo de reduzir emissões e realizar adaptações para as mudanças climáticas.
De acordo com constatações preliminares do NDC, mais de 90% dos países com seções de adaptação em mudanças climáticas reconhecem a água em seus compromissos, o que mostra seu significado e a demanda para que ela seja abordada de forma sistemática e estratégica, tanto como um risco potencial quanto como um vetor de soluções.
A sessão, que integrou a série Painel de Alto Nível do evento, teve a participação de ministros da Água e do Meio Ambiente como João Pedro Matos Fernandes, de Portugal; Gugile Nkwinti, da África do Sul; e Antonio Cañas Calderon, de El Salvador; além de especialistas no assunto do meio acadêmico e representantes de fundos ligados ao tema, a exemplo de Dogan Altinbilek, vice-presidente do Conselho Mundial da Água, e Monica Scatasta, diretora de Meio Ambiente, Clima e Política Social do Banco Europeu de Investimento.
Em um primeiro momento, os ministros apresentaram as ações relativas à proteção das águas em seus países, explorando ideias de como melhor integrar a questão da água nos quadros globais. Portugal, por exemplo, investiu cerca de 10 bilhões de euros no setor e já colhe resultados expressivos, mas lançou a pergunta: “Por que não temos uma COP (Conferência das Partes) para a Água”?, reconhecendo a importância do assunto e a necessidade de cooperação internacional para uma gestão integrada de recursos hídricos.
Já a África do Sul frisou que um de seus maiores problemas é o desperdício: 37% de toda a água produzida é jogada fora. Além disso, o representante do país compartilhou a ideia de que o monitoramento das águas é de vital importância para apoiar planejamentos baseados em fatos e ciência.
Em um segundo momento do painel, o debate explorou ações concretas para garantir a prioridade da água nas negociações sobre clima, visando a COP 24 (a Conferência das Partes sobre Mudança Climática) e contou com a participação de representantes do Fundo Verde para o Clima, do Banco Europeu de Investimento, do NDC, além do professor Luiz Carlos Molion, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas.
O grupo constatou que existem muitos projetos ligados à água tanto para mitigação (energia) quanto para adaptação – cerca de um terço de todos os projetos de adaptação é voltado para a água. No entanto, os indicadores ainda são muito limitados, o que faz com que os proponentes dos projetos acabem mudando de tema para atingir melhores resultados. Neste caminho, é preciso definir melhores indicadores de resiliência hídrica. A criação de um grupo de trabalho global e continental que possa focar na resolução desses entraves, além de um banco de dados internacional sobre a água ao longo do tempo, foi uma das ideias que surgiram a partir da discussão.
O 8º Fórum Mundial da Água, que ocorre de 18 a 23 de março no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, tem como tema central o compartilhamento da água. A Fundação Renova participa ativamente do evento compondo mesas em discussões como gestão e restauração de ecossistemas aquáticos, recuperação de bacias hidrográficas e soluções sustentáveis para restaurar ecossistemas terrestres e fluviais.
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