Entidade internacional irá assessorar a Fundação Renova de forma científica e independente nas ações voltadas à recuperação das áreas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG)
Um time de peso de profissionais gerenciados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), instituição referência global na área de conservação ambiental, esteve em campo na região da Bacia do Rio Doce para o início das atividades do Painel Independente de Assessoramento Científico e Técnico (ISTAP, na sigla em inglês), batizado como Painel do Rio Doce.
Coordenada pela ambientalista e ex-ministra do Meio Ambiente do Equador, Yolanda Kakabadse, a equipe vai formular recomendações que vão auxiliar nas soluções voltadas à recuperação das áreas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.
“Embora as questões sejam complexas, há uma oportunidade incrível de se criar um modelo internacional de reparação de paisagens semelhantes. Estou confiante de que o Painel – com membros de vasta experiência em biologia, engenharia, geoquímica, economia, governança, questões sociais e manejo- pode contribuir para a recuperação do rio”, afirma Kakabadse.
Após visita a campo, os especialistas do Painel estão, agora, dedicados a revisar os 42 programas da Fundação Renova. Esse será o ponto de partida para definir prioridades e desenvolver um plano de trabalho para os próximos cinco anos. A atuação do Painel do Rio Doce é inicialmente distribuída em seis eixos temáticos que consideram os aspectos da vida terrestre, marinha e ribeirinha: estratégia; toxicologia; impactos sobre os ecossistemas; remediação dos ecossistemas; gestão de água, resíduos e rejeitos e práticas econômicas sustentáveis.
A IUCN conta com vasta experiência na agenda da conservação da natureza. Possui uma rede com cerca de 16 mil especialistas e já coordenou painéis independentes que forneceram recomendações, por exemplo, para a remediação de derramamento de óleo no Delta do Níger e para minimizar os impactos da exploração de gás para as baleias cinzentas na Rússia.
De acordo com Roberto Waack, presidente da Fundação Renova, a atuação da IUCN será fundamental para avaliar a eficiência das soluções desenvolvidas.
A agenda de atuação, conclusões e recomendações serão públicas, como meio de reforçar a transparência. Todas as informações estão disponíveis: www.iucn.org/riodocepanel
Conheça os membros do Painel do Rio Doce
Os membros foram selecionados por meio de um processo seletivo aberto. Além da experiência profissional, a instituição aplicou indicadores como conhecimento global, local e gênero. Conheça os especialistas:
A presidente do Painel do Rio Doce é a equatoriana Yolanda Kakabadse, ex-ministra de Meio Ambiente do Equador, ex-presidente da IUCN, cofundadora da “Fundacion Futuro Latinoamericano” e presidente do conselho da WWF International com mandato até o final de 2018. Ela recebeu inúmeros prêmios honorários, incluindo o “Golden Ark Order” (1991), o “UN 500 Global Award” (1992) e o Prêmio Zayed (2001). Ela mora em Quito, Equador, e vai se concentrar na coordenação geral do Painel e em questões de governança.
Keith Alger é consultor com experiência em gestão de ecossistemas e restauração ambiental, ex-vice-presidente sênior da Rare para as Américas e África. Possui nacionalidade americana, reside em Maryland, nos Estados Unidos, e já gerenciou diversas pesquisas e painéis multidisciplinares no Brasil e no mundo e vai se concentrar em temas relacionados à biodiversidade.
Luiza Alonso é professora de Sociologia com foco na organização e implementação de programas sociais para populações de baixa-renda, movimentos sociais e relações de trabalho na Universidade Católica de Brasília e membro da FUNDHAM (American Man Museum Foundation). Mora em Brasília e vai se concentrar em questões relacionadas a desenvolvimento social.
Francisco Barbosa, vice-presidente do Painel, é professor do Departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Tendo dedicado grande parte da carreira à bacia do Rio Doce, onde conduziu pesquisas de monitoramento de água, hoje ele mora em Belo Horizonte e vai se concentrar em questões relacionadas a biologia da água doce.
Hubert Roeser é professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e dedicou 40 anos de trabalho à bacia do Rio Doce. Sua pesquisa é focada em qualidade da água, sedimentos, diagnósticos ambientais, hidrologia e presença de metais pesados em rios. Possui nacionalidade alemã, mora em Ouro Preto e vai se concentrar em questões relacionadas a geoquímica e toxicologia.
Luis E. Sanchez é professor de engenharia de mineração na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Sua pesquisa cobre tópicos como avaliação de impacto ambiental e sustentabilidade em indústrias extrativistas. Mora em São Paulo e irá se concentrar em questões relacionadas a engenharia e impacto ambiental.
Maria Cecilia Wey de Brito, trabalhou por mais de 30 anos com resoluções de problemas socioambientais. Trabalha no Instituto EKOS Brasil, mora em São Paulo e irá se concentrar em questões relacionadas a manejo da paisagem.
Sobre a IUCN
A União Internacional para a Conservação da Natureza, ou International Union for Conservation of Nature (IUCN), é composta exclusivamente por organizações governamentais e representantes da sociedade civil. Fundada em 1948, a IUCN é a maior e a mais diversificada rede ambiental do mundo. A instituição, além de vasta experiência, tem recursos e alcance em mais de 1.300 organizações membro e a contribuição de cerca de 16 mil especialistas. A IUCN também é reconhecida como autoridade global para assuntos relacionados à natureza e atua em medidas para protegê-la.