Ações identificadas abordam questões emergenciais, de médio e longo prazo para a compreensão da dinâmica do surto na bacia do rio Doce
No último dia do painel “O que é a Febre Amarela em antigas regiões florestais, hoje altamente povoadas, da bacia do rio Doce?”, iniciativa da Fundação Renova, que reuniu cientistas em Belo Horizonte (MG), as discussões giraram em torno das propostas de linhas de pesquisas emergenciais, bem como de médio e longo prazo sobre a temática.
As considerações abordaram as questões epidemiológicas e ecológicas do surto de febre amarela na bacia do rio do Doce. No encerramento das atividades científicas, foi descrita uma lista com as principais hipóteses que precisam ser investigadas. Dentre elas, um exemplo é o atual surto de febre amarela, que acontece simultaneamente com eventos de mortalidade de macacos em reservas naturais e fragmentos florestais. Até o momento, no entanto, não houve confirmações sorológicas de febre amarela nos macacos mortos. Considerando que a conservação da biodiversidade é fundamental para o controle de arboviroses, a correlação dos dois eventos é uma hipótese provável, mas que precisa de confirmação.
A proposta é apresentar essas considerações para instituições fomentadoras de pesquisa científica. “Sair com propostas concretas de ação é o grande resultado deste evento”, declarou o coordenador do painel, o ecólogo Sérvio Pontes Ribeiro, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Na segunda etapa do painel, os cientistas focaram na interface com a comunidade e discutiram forma e conteúdo de informar mais e melhor sobre o atual surto de febre amarela. Eles ressaltaram que o atual cenário faz com que sejam necessárias novas formas de pensar a doença, desde a transmissão até a prevenção. “A construção coletiva das propostas pelo grupo trouxe diversidade e qualidade e nos permitiu entender as lacunas do conhecimento numa perspectiva interdisciplinar”, comentou o ecólogo Sérvio Pontes, da UFOP.
A cobertura do evento em tempo real pelo site da Fundação Renova viabilizou a participação de especialistas de várias regiões do país, que puderam acompanhar os debates e enviar perguntas.
Estiveram presentes os seguintes pesquisadores: Betânia Paiva Drumond (Universidade Federal de Minas Gerais), Sérvio Pontes Ribeiro (Universidade Federal de Ouro Preto), Adriano Paglia (Universidade Federal de Minas Gerais), Eduardo Lázaro de Faria da Silva (Anclivepa-SP), José Carlos de Magalhães (Universidade Federal de São João Del Rey), Marcia Chame (Fiocruz) e Sérgio Lucena Mendes (Universidade Federal do Espírito Santo).