Projeto estimula a recuperação e capacitação de empreendedoras e artesãs locais.
Promover a retomada econômica e a reparação do patrimônio cultural em Barra Longa. Esse é o objetivo da Casa Bordada, projeto que oferece oficinas e palestras gratuitas e estimula a independência econômica das mulheres, através da reestruturação e capacitação de empreendedoras e artesãs locais.
Desenvolvida em parceria com o estilista Ronaldo Fraga, a iniciativa propõe o resgate das referências culturais e patrimônios imateriais por meio de três frentes de atuação: Mapeamento Cultural, Mapeamento Econômico e Desenvolvimento do Marketing Territorial. Dessa forma, o projeto valoriza o conhecimento das artesãs sobre o bordado à mão e estimula a produção de peças inspiradas em sua memória e identidade. Ao mesmo tempo, a metodologia apresenta para as participantes outros conhecimentos necessários para a manutenção e crescimento do empreendimento, como formas de promover o território e atrair mais visitantes, investimentos e oportunidades de negócio.
Entre as criações que serão produzidas na Casa Bordada, destaca-se o Richelieu, uma técnica antiga de bordado aberto, similar a uma renda, usada para criar figuras como flores, folhas e outras formas contornadas por meio de um ponto chamado “casear”. Na Casa Bordada, além das peças feitas à mão, as mulheres desenvolverão estratégias de comercialização dos artesanatos. Estão em fase de criação o site, redes sociais, catálogo de produtos virtual e impresso, além da participação em eventos de relevância nacional como a Semana Criativa de Tiradentes. A venda dos produtos também está planejada para ocorrer em rodadas de negócios em outras regiões do país.
Sobre o projeto
O projeto da Casa Bordada tem como base dois trabalhos desenvolvidos por Ronaldo Fraga. Em 2018, sob a curadoria do estilista, um coletivo de 32 artesãs locais desenvolveu a coleção “As Mudas”, que foi apresentada na edição da São Paulo Fashion Week daquele ano. Ao longo do tempo, a parceria com Fraga se ampliou, resultando na criação de outro trabalho, chamado “Minha Casa em Mim”, que envolveu 175 participantes na releitura e desenvolvimento de produtos artesanais e agropecuários. Até que, em 2024, a abordagem do projeto foi ampliada, alcançando a reestruturação e capacitação de grupos produtivos, empreendedores e artistas locais, culminando com a inauguração da Casa Bordada.
O local foi adaptado e conta com áreas para atividades práticas, sala equipada com máquinas de costura, espaço para reuniões, cozinha e área de convivência. A duração prevista do projeto é de 18 meses. Atualmente, 71 artesãs são atendidas, sendo 54 em Barra Longa e 17 em Mariana, onde a iniciativa funciona na Casa dos Saberes do município, na Rua Wenceslau Braz, 730, Centro, e contempla apenas artesãs incluídas no programa de reassentamento da Fundação Renova.
Já em Barra Longa, a Casa Bordada está aberta aos artesãos e a toda a comunidade local. As inscrições gratuitas para os cursos podem ser feitas pelo WhatsApp e, presencialmente, no endereço do imóvel, na Avenida Capitão Manoel Carneiro, 306, Centro, Barra Longa, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h.
A analista de economia e inovação da Fundação Renova, Gilzele Marins, destacou a importância do projeto: “A Casa Bordada fortalece as atividades produtivas ligadas à arte local, proporcionando oportunidades de geração de renda para dezenas de mulheres. Além disso, valoriza a cultura, identidade e senso de pertencimento, promovendo maior independência, autonomia e autoestima entre as participantes”.