Estudo conduzido pela Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) conta com pesquisadores de mais de 24 instituições de todo o país
A partir de setembro, a Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) vai monitorar a biodiversidade em 230 pontos de toda a porção capixaba do rio Doce e da região que vai do entorno de sua foz até Guarapari (ES), ao sul, e Porto Seguro (BA), ao norte. O estudo, conduzido por pesquisadores de mais de 24 instituições de pesquisa de todo o país, deverá contemplar de bactérias a baleias, além de qualidade da água, sedimentos, condições de marés e ondas, manguezais e restingas.
A pesquisa, fruto de um acordo de cooperação firmado entre a Fundação Renova e a instituição capixaba, tem orçamento de R$ 120 milhões e será executada por 16 meses, período relativo à primeira etapa do programa de monitoramento marinho, previsto para durar cinco anos. Em julho, a Fundação Renova fez o pagamento da primeira parcela do convênio. Os R$ 37 milhões irão custear bolsas de estudo, aquisição de equipamentos e materiais nacionais e importados, pagamento de pessoal e contratação de serviços de terceiros.
Serão feitas análises da concentração de contaminantes em diversos organismos, entre eles peixes e camarões. Os resultados do estudo ajudarão a mensurar os impactos do rejeito da barragem de Fundão sobre o ambiente e poderão dar subsídios para a tomada de decisão sobre a sanidade do pescado e indicar eventuais medidas reparatórias.
Nesse primeiro ano de projeto, serão coletadas cerca de 43 mil amostras de água, sedimentos, animais e vegetais. Para realização dos monitoramentos, estarão envolvidos 565 profissionais, entre eles colaboradores acadêmicos, e será priorizada a contratação de mão de obra local, como pescadores e catadores de caranguejo.
Serão utilizados drones, aeronaves e embarcações de pequeno, médio e grande portes, além de sensores de diversos tipos, imagens de satélites e boias automatizadas, equipadas com instrumentos específicos para esse tipo de monitoramento. Além disso, os laboratórios das universidades estarão aptos para fazer a análise das amostras.
A cada semestre, será realizado um workshop para apresentação dos resultados, com a participação dos órgãos ambientais.
Biodiversidade Terrestre
Cerca de 200 profissionais estão monitorando a fauna e flora terrestre de toda a bacia do rio Doce. Estão sendo coletados dados dos mais diversos organismos, de invertebrados – como minhocas e abelhas – a mamíferos de grande porte, como antas e onças, incluindo animais relacionados a ambientes aquáticos, como cágados e jacarés, e as plantas.
Executado pela empresa Bicho do Mato Meio Ambiente, contratada pela Fundação Renova, o monitoramento será dividido em campanhas semestrais que poderão se estender por até dez anos. Os pesquisadores utilizarão o método Rapeld, que permite colher amostras de forma adequada das comunidades biológicas em áreas extensas, ao mesmo tempo em que diminui a variação de fatores, como temperatura e umidade, que afetam essas comunidades. É a primeira vez que a metodologia está sendo usada em larga escala na bacia do rio Doce.