Fundação Renova

AGRICULTORES DE MARIANA E BARRA LONGA (MG) VÃO CONTRIBUIR PARA REFLORESTAMENTO DA BACIA DO RIO DOCE

Publicado em: 06/08/2020

Recuperação Florestal , Uso Sustentável da Terra

Os produtores rurais estão cultivando mudas nativas que serão adquiridas pela Fundação Renova e utilizadas para recuperar áreas impactadas

 

Quatro agricultores das cidades de Mariana e Barra Longa, em Minas Gerais, assumiram uma nova atividade recentemente: o cultivo de mudas de espécies nativas da região em viveiros. Essa ação vai auxiliar no processo de reflorestamento das áreas atingidas pelos rejeitos do rompimento da barragem de Fundão. Cada propriedade recebeu cerca de 5 mil mudas e as unidades produtivas têm capacidade de produzir 48 mil plantas.

As primeiras safras serão absorvidas pela Fundação Renova e utilizadas para recuperar áreas atingidas e outras regiões que demandam restauração da paisagem florestal. A implantação dos viveiros foi viabilizada pela Fundação por meio do Ater Viveiros Familiares, e contou com o envolvimento direto das famílias, que poderão diversificar sua renda, proveniente da produção leiteira, em sua maioria.

A analista do programa de Uso Sustentável da Terra da Fundação Renova, Andréia Dias, explica que o objetivo principal do projeto é “promover a integração dos agricultores familiares na cadeia produtiva de sementes e mudas para estimular o empreendedorismo no ramo, diversificar a renda das propriedades rurais, fomentar a troca de saberes entre as universidades e os agricultores e ainda a criação de viveiros florestais na região, que carece desse mercado”.

A estruturação dos viveiros foi feita com apoio técnico da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que também colaborou com a descoberta de microrganismos que aumentam a tolerância da planta em solos com rejeitos, permitindo o manejo a baixo custo.

Os produtores receberam, ainda, capacitações para o cultivo das mudas, ministradas com o apoio técnico de outros agricultores familiares e viveiros florestais mobilizados para produção de mudas nativas, com aplicação prática do estudo da UFV.

Como as áreas são, normalmente, voltadas para a produção leiteira e agrícola, foi preciso implantar um sistema de irrigação automática — visando, também, à otimização dos esforços dos agricultores. A nova atividade, portanto, foi introduzida aos poucos. “Iniciamos as visitas semanais e quinzenais para oferecermos todo suporte tecnológico. O trabalho teve enorme adesão, foi muito bem aceito”, conta Alex Ferreira de Freitas, responsável pelas capacitações.

Pesquisa pioneira

O estudo aplicado no Ater Viveiros Familiares faz parte de um convênio firmado entre a Fundação Renova, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) em 2018.

A pesquisa comprovou que a revegetação emergencial no epicentro do desastre acelerou o aumento da diversidade de microrganismos fixadores de nitrogênio no solo. Quando devidamente isolados e inoculados no substrato, eles permitem que a produção seja mais rápida e com mudas mais resistentes.

A presença desses microrganismos aumenta a tolerância ao ambiente de estresse, melhora o aproveitamento da adubação e otimiza o uso de insumos. “A inoculação também favorece a aclimatação das mudas em campo, diminuindo a mortalidade e a necessidade de replantio, minimizando gastos adicionais”, afirma a pesquisadora do Departamento de Microbiologia da UFV, Catharina Kasuya, à frente do estudo.

O projeto Ater Viveiros Familiares integra o Programa de Recuperação da Área Ambiental 01, previsto pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC).

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