Fundação Renova

A tecnologia como aliada na recuperação do rio Doce

Publicado em: 09/11/2018

Tecnologia

Startups aprovadas no Edital de Inovação para a Indústria desenvolvem produtos para colaborar com a reparação socioeconômica e socioambiental

 

Três startups selecionadas pelo Edital de Inovação para a Indústria estão desenvolvendo tecnologias pioneiras a fim de contribuir para os trabalhos de monitoramento e reparação dos danos nos territórios atingidos pelo rompimento da barragem. Os projetos foram escolhidos de acordo com alguns critérios técnicos, como a viabilidade do negócio e a aplicabilidade nos processos de reparação.

Cada uma das empresas tem uma ideia diferente e inovadora. A Skyvideo está desenvolvendo um drone capaz de acessar áreas remotas para coleta e análise de água. A empresa está realizando testes de distância e peso para checar o alcance e a capacidade dos equipamentos. No futuro, eles poderão coletar amostras e analisar parâmetros físicos e químicos da qualidade da água, e transmiti-los remotamente.

Drones estão sendo testados para carregar sondas destinadas a analisar a água em rios e mares. O equipamento é capaz de permanecer no ar por mais de uma hora, e a sonda pode analisar até 13 parâmetros. | Foto: divulgação

“A tecnologia permitirá a mensuração da evolução dos programas da Renova, poderá contribuir para tomadas de decisão mais ágeis e precisas e para a difusão de inovação de ponta. E, ainda, será possível replicá-la em outras situações”, afirma Fabio Tauk, diretor da startup.

Já a LiaMarinha, de Mariana (MG), desenvolve uma solução biotecnológica para tratamento e recuperação de águas e efluentes. Com base no funcionamento da própria natureza, a startup investe na criação de Estações de Tratamento Natural (ETNs), que são ilhas flutuantes fitorremediadoras e barreiras filtrantes, capazes de despoluir áreas contaminadas por compostos orgânicos. A técnica é simples, rápida e de baixo custo — além de altamente adaptável ao ambiente.

A ETN funciona como raízes naturais, filtrando e “quebrando” a matéria orgânica, absorvendo metais e diminuindo a turbidez da água. As ilhas podem trabalhar de forma independente e ser utilizadas para diversos fins, como renaturalização, melhoria da paisagem, aquicultura, lagoas de tratamento e medidas preventivas.

“Depois dos testes em laboratório, vamos aplicar a ilha em um trecho-piloto do Gualaxo do Norte, em Mariana (MG), uma das áreas mais impactadas pelo rompimento da barragem. Dependendo dos resultados, a tecnologia estará apta a ser reproduzida em outras áreas, da nascente do Doce à foz”, afirma o diretor da empresa, William Pessoa.

Por fim, a empresa Já Entendi apresentou um projeto de capacitação profissional em estratégia de negócios para as comunidades atingidas. A proposta é oferecer treinamentos ágeis, inovadores e de baixo custo para grupos organizados de trabalho formados por mulheres das comunidades atingidas. “Desenvolveremos videoaulas e e-books com orientações de educação financeira, práticas de vendas, criatividade em embalagens, receitas e dicas para pequenas empreendedoras”, afirma Gladys Mariotto, CEO da empresa.

O Edital de Inovação para a Indústria foi uma iniciativa da Fundação Renova em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Foram inscritos 76 projetos de startups, micro e pequenas empresas de todo o Brasil. A avaliação das propostas incluiu entrevistas com representantes e foi conduzida pelo Senai.

Inovação é uma das palavras-chave para o processo de reparação. A conexão entre empreendedorismo, tecnologia e sustentabilidade é essencial em um cenário que demanda, constantemente, geração e aplicação de novos conhecimentos e técnicas”, destaca Paulo Rocha, líder da frente de Economia e Inovação da Fundação Renova. Ao todo, serão destinados R$ 950 mil para as três empresas selecionadas.

Para desenvolverem os projetos, as empresas terão à sua disposição a estrutura do Sistema Sesi/Senai. “Esta chamada tem um papel muito importante pelo que esta ação representa: conectar e compartilhar para transformar. Todos juntos em busca de soluções que promovam o impacto positivo no ambiente e principalmente nas pessoas da região”, relata Juliana Gavini, diretora de Inovação e Tecnologia do Senai no Espírito Santo.

Além disso, as startups contarão com uma assessoria para ajudá-las a oferecer o novo produto ao mercado. “Queremos que micro e pequenas empresas, de base tecnológica sustentável, criem produtos que nos ajudem nesse compromisso de reparação, mas que também gerem inovação e conhecimento para o mercado, trazendo novas oportunidades de negócios para elas”, enfatiza Rocha.

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